28/09/2011

Dos que furtam


O fazem pois o devem fazer.
Não é culpa deles,
É necessidade deles.
Obra esta é, sim, dos gordos de paletó
Que enquanto comem balbuciam
Palavras sobre riquezas e fartura
Algo incompreendido por aqueles
Que precisam sem entender.
Entendem apenas que precisam
E querem.
Querem comer assim como querem sair
Dessa realidade que os subjuga à fome
Fatídica e implacável
Assim como o medo e o frio que passam
Nas noites escuras que os mesmos
Gordos de paletó passam
No seio quente de suas camas, protegidos.
Querem que isso seja apenas um ensaio
E não a peça como todo.
Esperam esse hipérbato, ainda famintos
Ainda fartos de sua abundância de nada.
Por isso, furtam. E por isso, vivem.
Vivem à margem da grande peça dos soberbos
Sem nada, aspirando apenas ao justo
Não entendendo que enquanto esperam viver
Sobrevivem
E assim vão vivendo.

dedicado aos Capitães da Areia

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